AS AVES SILVESTRES DISSEMINARÃO O VIRUS MORTAL?

As aves silvestres disseminarão o virus mortal?
A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO), das Nações Unidas, lançou um alerta em agosto de 2005: “O mortal vírus da, que grassa em países da Ásia, poderá ser propagado por aves silvestres, aos paises do Oriente Médio, Europa, Sul da Ásia e África. As aves migratórias provenientes da Sibéria, onde o vírus H5N1 foi recentemente detectado, poderão transporta-los para as regiões do mar Cáspio e Mar Negro. Daí o vírus atingiria a Europa Central”.
A FAO se diz também: “preocupada pelo fato de que os países pobres do sudeste da Europa, onde as aves migratórias se misturam às que provêm do Norte da Europa, seriam incapazes de detectar e gerenciar eventuais surtos da gripe aviária”.
Alguns países de pecuária desenvolvida afirmam que o risco de contaminação de criações domésticas por aves selvagens é fraco (criação zootécnica de frangos e galinhas) a moderado para aves criadas soltas, no sistema caipira; e desconhecido para aves como galinha d‘ Angola, perus, avestruz. Afinal, as aves que estão de passagem numa região são, ou não são, transmissoras de vírus? Um mapa das grandes vias migratórias da avifauna trazem algumas luzes.
A Europa ocidental é atravessada por um eixo migratório que vai do oeste da Sibéria à Escandinávia, se dirigindo para o sudoeste, e chega à África. É esta a rota seguida por várias espécies de patos e gansos, provenientes da parte ocidental da Sibéria. Algumas espécies chegam até o estreito de Gibraltar. Os fluxos de aves migratórias da Sibéria oriental, China e Mongólia, se dirigem para a Oceania, Sudeste da Ásia e Índia. Os provenientes da Sibéria ocidental se dirigem principalmente para o Mar Cáspio, península arábica, Sinai, Etiópia e África em geral.O perigo consiste em que a epizootia amplie seu território em direção ao norte e oeste da Ásia. Neste caso, o risco de aves migratórias contaminadas atingirem a Europa ocidental seria ampliado. O que mais se teme, entretanto, é que ocorra uma introdução indireta do virus, a partir da África. É que várias espécies, nidificando na Europa, passam o inverno na África. Ali elas podem conviver com aves provenientes do Leste Europeu, Rússia e Ásia, portadoras do vírus. É o caso de aves como as andorinhas e algumas aves aquáticas. Retornando ao Velho Continente, elas podem levar consigo o vírus.
Alguns estudos sobre a biologia das populações já comprovaram que aves rastreadas desde o Mali (África) podem ser encontradas na Sibéria, a 10000 quilômetros de distância. Falta comprovar que aves portadoras de vírus altamente patogênicos possam percorrer tão longas distâncias. De qualquer forma, o vírus da gripe aviária parece ser uma variante doméstica, não selvagem. Assim, as aves selvagens não seriam as culpadas, mas as vítimas do vírus humano, segundo o Veterinário francês Michel Gauthier-Clerc (Le Monde).Muitos pesquisadores têm a mesma opinião. A propagação via aves selvagens seria meras conjecturas, sem nenhum valor científico. Mas podem desencadear a sua “diabolização”, que prejudicaria os esforços de proteção de algumas espécies selvagens. “Seria inútil e precipitado abater milhões destes animais”, diz o Veterinário coreano Nial Moore, presidente do Birds Korea (Le Monde). De qualquer forma, o mais aconselhável é manter as espécies selvagens longe das domésticas.
Sabendo que o Brasil está relativamente bem protegido quanto à rota das aves migratórias até agora estudadas, quais seriam os riscos para a Avicultura nacional? E quanto às aves que veraneiam no Brasil, estarão elas livres de todo risco? A avicultura é a atividade pecuária mais importante do país. As rotas migratórias, são pouco conhecidas em detalhes dos pesquisadores brasileiros. A proibição do Ibama quanto à criação de aves selvagens, agora se revelam positivas, tendo evitado a promiscuidade aves selvagens-domésticas-homem. Quais são as estratégias que o Governo brasileiro estabelecerá, para enfrentar este real risco?
O fato é que a criação industrial de animais, que explodiu na década de 1950, tem apresentado sérias ameaças aos animais e ao homem: doença da vaca louca; gripe aviária e outras. A atividade zootécnica conduzida sem respeito à biologia e à ecologia pode tornar a criação industrial perigosa para todos. Tanto do ponto de vista econômico-social, quanto sanitário. Como o Brasil é limitado ao norte pela Amazônia, a leste, sul e oeste por grandes oceanos e cadeias de montanhas que nos isolam sanitariamente; e como não há fluxos migratórios de aves das regiões contaminadas para cá, dificilmente esta doença chegará na América do Sul.
Mas quem é que pode garantir que este vírus já não existe no Brasil?
Por:Tadeu Cotta, Veterinário e Professor de Avicultura -
Ufla Docteur - Physiologie, Biologie des Organismes et Populations (France) http://fotolog.terra.com.br/ecologiabr
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